O open insurance, ou Sistema de Seguros Aberto, avança no Brasil e está em sua segunda fase, a de Compartilhamento de Dados Pessoais, que deve seguir até julho de 2023. No entanto, está apenas começando e o cliente final deverá sentir seus efeitos somente em 2024. É o que acreditam Lucas Prado, cofundador da insurtech Pier, e Daniel Simon, superintendente comercial da Icatu. Ambos participaram de painel no Mobifinance, evento organizado por Mobile Time nesta terça-feira, 18. Prado acredita que a fase atual é de organização dos dados.

“Nossa visão está voltada para o cliente. Ele é o detentor dos seus dados e o mercado está atuando a partir disso. Mas, antes do open insurance vem o open data. Estamos nesta fase na Pier, de ver a melhor maneira de compartilhar os dados e de recebê-los. Os impactos disso serão sentidos em 2024 porque não sabemos ainda como isso será feito”, explicou Prado.

Na Pier, por exemplo, um cliente, ao longo de um ano, é capaz de gerar 3 mil pontos de dados, o que torna a organização em um data lake bem complexa. E todos precisam estar padronizados.

“Estamos numa etapa burocrática e temos um desafio de prazo. Mas, apesar de lento, estamos vendo com bons olhos o futuro. Ano que vem será mais divertido e dará para fazer mais coisas com o open insurance. Mas ele ainda não disse a que veio”, disse Simon, da Icatu.

Taiolor Morais, CTO da Youse, que também participou do painel do Mobifinance, alertou sobre a importância das seguradoras tradicionais de se conectarem à nuvem o quanto antes. “É uma estratégia técnica e correr para este movimento de modernização é vital. Hoje, as variáveis visíveis ainda são as mais importantes, mas existem uma série de variáveis do comportamento do cliente e, à medida que isso é capturado, surgem outras cada vez mais precisas”. Ou seja, depois da coleta desses dados, é preciso separá-los e entendê-los.

O open insurance é um pilar estratégico para a Brasilseg, mas formatar os dados para que sejam homogêneos é um “desafio gigantesco”, como comentou em sua participação no painel Tiago de Freitas Vieira, CTO da empresa. Para isso, a seguradora optou por desenvolver uma série de APIs ao longo do tempo de modo a se prepararem para o open insurance.

Gerenciador de seguros e cross selling

Outro ponto abordado ao longo do painel foi a possibilidade de se criar aplicações de gerenciadores financeiros, nos mesmos moldes daqueles feitos logo no início do open finance, onde o cliente pode ver os saldos e extratos de múltiplos bancos. Neste caso, o cliente poderia ver seus seguros em diferentes seguradoras. Isso pode significar uma porta aberta para cross-selling entre seguradoras, cada uma oferecendo apólices para as áreas em que for mais forte e competitiva.

“O cliente vai pedir algo assim no mercado de seguros. Só precisamos entender a dor exata dele para oferecer os produtos certos dos meus parceiros. Em breve vamos entrar em uma etapa de cross selling entre as empresas”, previu Morais. “A Youse pode ter um parceiro em que se conecte a ele e podemos fazer o cross selling quando o open insurance começar. O open insurance vai elevar a régua da digitalização. E já convencionamos a nossa forma de conversar via APIs, o que ajudará”, disse.

O gerenciador também servirá para estimular a cultura de se adquirir um seguro, acreditam os representantes de Brasilseg, Icatu, Pier e Youse.