Ilustração: Cecília Marins

Antes do open finance, as pessoas precisavam dividir seu tempo entre diferentes aplicativos de bancos e outras instituições financeiras nas quais possuem conta. Após a consolidação do sistema aberto de compartilhamento, a tendência é que as instituições disputem a atenção dos consumidores, que agora podem concentrar seus dados em um único app, através de gerenciadores financeiros. Isso vai provocar uma “guerra de telas” entre as instituições financeiras, prevê Marcos Cavagnoli, diretor de digital cash management e open finance do Itaú Unibanco, que participou de painel no MobiFinance, nesta terça-feira, 18, em São Paulo. O evento é organizado por Mobile Time

“Nós teremos uma guerra de telas. Entre 80% e 85% do tempo, a pessoa física gasta acessando saldo, extrato e pagamentos. Tudo isso você tem com a agregação do open finance. A pessoa jurídica, é um pouco menos, 60% a 65%. Imagina se em um lugar você tem toda essa informação que está espalhada em três ou quatro lugares? Por que eu vou para outra tela para ver essas informações? Você vai ter uma mudança de tempo de tela que vai ser imensa”, afirmou.

Para ele, não basta agregar os dados – esse é apenas o primeiro passo. A próxima etapa, depois disso, é conferir valor a essas informações, como uma forma de concentrar cada vez mais o usuário em um só espaço digital. Para isso, os bancos precisam focar em descobrir novos casos de uso, utilizando os dados compartilhados no open finance. Segundo Cavagnoli, a principal tendência do momento, que algumas instituições já estão explorando, é a iniciação de pagamentos, que permite realizar transações de um banco a outro a partir do app de qualquer um deles.

O próximo passo, no open finance, será agregar as novas plataformas de compartilhamento de dados que estão surgindo, como open investment e open insurance. Um dos desafios, nessa guerra de telas, será quebrar as barreiras entre esses bancos de dados, de forma que um possa ser útil ao outro. “Talvez um pouco mais para frente, em 2023, realmente comece o open finance, que é câmbio, investimento, seguro, podendo criar valor entre essas fronteiras. Como o open finance ajuda no open insurance? Como o open insurance ajuda o open finance? Isso não é trivial, é o mais difícil”, disse.

Juliana Assad, CTO da Superdigital, tem uma opinião semelhante sobre as dificuldades para a consolidação do sistema aberto. Para aderir, o usuário precisa, antes de mais nada, identificar benefícios, argumenta. “O open banking traz uma mudança completa de cultura e de mindset. No mercado financeiro, os dados sempre foram tratados de uma forma muito proprietária das instituições. No open banking, você tem direito de transferir os seus dados para onde quiser. As pessoas ainda não perceberam isso”, contou. “Por outro lado, o open banking montou infraestrutura, mas faltam os casos de uso. O que nós, enquanto instituição financeira, vamos fazer com esses dados? Precisamos aprender a trabalhar com esses dados e fazer uma oferta de valor. Eu acho que a gente ainda precisa amadurecer”, adicionou.