O Banco do Brasil prevê uma corrida pela principalidade do cliente no open investment no aceite para compartilhar informações (opt-in), assim como ocorreu no open finance. Segundo Guilherme Amadori, gerente de soluções de investimentos do BB, a busca por ser o principal banco do cliente deve ocorrer principalmente a partir da assessoria de investimentos.

“Para o BB, nós queremos prestar uma assessoria mais qualificada, completa e assertiva no open investiment. Além disso, o open investiment abre oportunidades para captação de novos clientes e novos recursos, algo que não entrou no open banking”, disse Amadori durante o MobiFinance 2023, evento organizado pelo Mobile Time na última quarta-feira, 18.

Ou seja, os bancos vão procurar estreitar mais as relações com os consumidores ao tentar oferecer mais qualidade e melhores produtos. Isso abre espaço para personalização de taxas, sugestão de investimentos simplificadas e mais amplas, de modo que qualquer consumidor consiga entender.

“Agora, o cliente ganha com tudo isso, pois o serviço vai transcender a assessoria de investir sendo mais global. Por isso, eu enxergo uma corrida na busca pela principalidade da assessoria, com espaço para personalização de taxas. E como tudo é aberto, preços e taxas, nós precisamos auxiliar os investidores no momento de vida de cada investidor”, prevê o gerente do banco.

Por sua vez, Bruno Venceslau, superintendente de dados da Brasilprev, vê oportunidades de ofertar alternativas de investimento mais qualificadas aos seus clientes, uma vez que terão mais acessos às informações. Afirmou ainda que estão bem avançados em inteligência analítica em sua empresa. Um exemplo citado é que um em cada quatro clientes (28%) que recebem oferta via modelos analíticos geram negócio para a empresa de investimento e previdência privada.

“Ou seja, se a inteligência analítica for potencializada com os nossos canais, eleva o nosso potencial em open insurance/open investiment quando falamos da oferta de previdência privada”, disse Venceslau. “Poderemos oferecer uma assessoria bem qualificada para o cliente e mostrar quanto o cliente poderia poupar, por exemplo”, estimou.

Novos mercados

Outro ponto importante que o sistema aberto pode ajudar a BrasilPrev é a ampliação do mercado endereçável (TAM), ou seja, ir além da indústria de previdência: “A BrasilPrev tem 28% de market share de reserva e 85% de arrecadação neste ano. Isso se olharmos a indústria de previdência privada como um todo, que equivale a R$ 1 trilhão. Mas (com o open investiment) poderemos olhar a indústria de fundos e poupança, outros produtos de investimento. Isso porque a previdência ainda é pouco representativa na carteira das pessoas”, completou.

Para Pedro Canella, head da Rico, há barreiras para o open investiment que acontecem no open banking.  Um exemplo é deixar mais claro para o consumidor as vantagens de se fazer o opt-in e assim abastecer o ecossistema financeiros e de investimentos com dados. Em sua visão, o setor precisa passar por um período de adaptação, além de mostrar ao usuário que a troca de dados é segura.

“Vamos passar por um período de adaptação antes do open investiment ser feito em escala para os clientes. Mas depois que ficar pronto acho que tudo isso será maravilhoso. A pessoa poderá comparar o seu investimento atual com aquilo que o mercado oferece”, disse o executivo da corretora digital.

Assim como seu colega da BrasiPrev, Canella também quer avançar em outros setores a partir do open finance. Citou a oferta de cartão de crédito que é recente na Rico, menos de um ano, mas que poderia ser acelerada com o histórico de consumidores que pleiteiam a tarjeta: “Será bom ter o acesso ao histórico dele (cliente) e de sua vida financeira. Com isso, nós poderemos oferecer as melhores taxas e saldos”, completou.

Hiperpersonalização

Outro tema que permeou o debate foi a hiperpersonalização de ofertas ao cliente, algo como criar um app e investimentos dedicados a cada cliente. O head da Rico afirmou que a companhia realiza atualmente trabalho de segmentar as mensagens efêmeras que ficam dentro de seu app. Além disso, a empresa poderia fazer uma hiperpersonalização de aplicativo, uma vez que sua nuvem está conectada com a Take no WhatsApp e Salesforce no comercial, mas tem limitações técnicas.

“No Limite, do limite, do limite, até poderia subir soluções e espaço do app absolutamente distintos para cada um dos clientes da Rico. Mas não temos a capacidade de produção de peças nesta quantidade para cuidar dos clientes”, disse  Canella.

Por sua vez, Venceslau afirmou que a BrasilPrev tem atualmente hiperpersonalização em dois casos: “Desde abordagens mais básicas no WhatsApp em função do cliente (apetite ao risco) e funções mais circunstanciais. Fizemos um teste recente – ainda não escalado – com um grupo de clientes que fez resgate. Nós fizemos testes de incentivo para manter o objetivo após o resgate. O índice de conversão foi alto”, relatou.

Além disso, o superintendente de dados da instituição acredita que a hiperpersonalização permitirá a empresa evoluir para a forma de comunicar, como mandar ações patrocinadas, oferecer ‘match’ em investimentos para clientes, observar retenção do consumidor, além de ofertar cross e upsell.