Duas novidades sobre a operação de inteligência artificial da Alphabet, controladora do Google, circularam nesta quinta-feira, 20: o anúncio de que sua divisão de pesquisa e desenvolvimento de produtos em IA será unida em uma grande área; e que o Google estaria desenvolvendo campanhas publicitárias para a web usando IA generativa, segundo informou o Financial Times que teve acesso a um relatório.

União faz força…E inteligência artificial

Sundar Pichai

Sundar Pichai, CEO da Alphabet e do Google (crédito: divulgação)

O Google anunciou nesta quinta-feira que a DeepMind será unida ao time Brain, do Google Research. Na prática, a empresa está juntando a área de pesquisa e de produtos em IA sob o mesmo guarda-chuva. A partir dessa união, a companhia criou o Google DeepMind, um grupo que busca combinar talentos em uma única equipe para acelerar significativamente o desenvolvimento da IA dentro da companhia, como explicou Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet.

“Este grupo chamado Google DeepMind vai unir os dois melhores times de pesquisa no campo da inteligência artificial”, escreveu o executivo no blog da empresa. “As conquistas coletivas deles (DeepMind e Brain) na última década passam por: AlphaGo; Transformers; word2vec; WaveNet; AlphaFold; modelo de sequência a sequência; aprendizado de reforço profundo; e sistema de softwares como TensorFlow e JAX para treinar e implementar grandes modelos de machine learning”, completou.

Reestruturação

Em carta enviada aos funcionários, Demis Hassabis, antigo CEO da DeepMind, e agora CEO do Google DeepMind, afirmou que a nova divisão pode ajudar a resolver “grandes desafios com humanidade” e entregar pesquisas e produtos em inteligência artificial que podem “melhorar dramaticamente a vida de bilhões de pessoas, transformar indústrias e trazer avanços para a ciência”.

Com a reestruturação e união das duas equipes, Jeff Dean será o cientista-chefe e Eli Collins será vice-presidente de produtos do Google DeepMind. Ainda será criado um conselho científico com líderes dos dois lados.

Em setembro do ano passado, Pichai sinalizou mudanças quando detalhou as rodadas de demissão que viriam no final de 2022, uma vez que buscava uma melhora de eficiência de 20% e unir áreas correlatas era um desses objetivos.

Publicidade

Em outra frente, que envolve inteligência artificial, o Financial Times teve acesso a um documento interno repassado a publicitários que afirma que o Google estaria usando inteligência artificial generativa em suas campanhas. De acordo com o material, o usuário pode criar ação usando imagens e textos e a ferramenta de IA generativa do Google gerará os ads com base na audiência e público-alvo.

O Google já usa inteligência artificial em suas plataformas de publicidade, mas esta é a primeira vez que estaria usando uma IA generativa.

Importante lembrar, a IA generativa do Google, Bard, foi apresentada em fevereiro deste ano. No mês seguinte, o rival do ChatGPT começou a ser liberado para usuários do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Análise

Se antes o Google era visto como um dos mais proeminentes líderes em aplicações com inteligência artificial, com o atual ritmo de liberação e desenvolvimento mais cauteloso de sua solução generativa no Google, a empresa tem sido vista como lenta para o mercado. Especialmente na comparação com a OpenAI, que avança mais rapidamente com o ChatGPT – que recebeu duas versões em menos de um ano – e ainda recebeu investimento da rival Microsoft. Um sinal recente dessa visão do mercado é a possível troca de motor de busca nos dispositivos Samsung, do Google para o Bing com ChatGPT.

A resposta do Google veio na mesma semana que os sul-coreanos ventilaram a mudança. A empresa se coloca novamente no centro da discussão da IA ao unir pesquisa e criação de produto em um único bloco e assim empacotar e apresentar ao mercado novas soluções. Por outro lado, é importante notar que o Google já começa a colocar sua IA generativa no core de seu faturamento, pois a receita de publicidade representou US$ 60 bilhões do total de US$ 75 bilhões da companhia em 2022.

Contudo, o ritmo do desenvolvimento da IA deve ser feito com cautela e com ações pontuais. Em entrevista ao programa 60 Minutes, da norte-americana CBS, no último domingo, 16, Sundar Pichai reconheceu que a competição em inteligência artificial está mais acirrada, mas afirmou ter dúvidas sobre o fato de a sociedade estar ou não preparada para os avanços da inteligência artificial.