O Telegram continua a sua rápida escalada no mercado brasileiro. O aplicativo de mensagens agora está instalado em 60% dos smartphones nacionais, informa a nova edição da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel. Três anos atrás, em janeiro de 2019, o Telegram estava em apenas 13% da base nacional de smartphones. Desde então, vem avançando a passos largos. Chegou a 27% em janeiro de 2020 e saltou para 45% em janeiro de 2021. Nos últimos 12 meses, ganhou 15 pontos percentuais, alcançando o patamar atual de presença em seis em cada dez smartphones brasileiros.

Os dados demográficos da base do Telegram no Brasil revelam algumas diferenças por gênero, idade e classe social. O app é mais presente nos smartphones de homens (63%) que de mulheres (57%); e de pessoas das classes A e B (70%) que das classes C, D e E (57%). Na análise por faixa etária, o Telegram está instalado em 63% dos aparelhos de jovens de 16 a 29 anos e de pessoas de 30 a 49 anos. No grupo a partir de 50 anos, 50% têm o app em seu celular.

O engajamento dos usuários do Telegram é menor que aquele verificado no WhatsApp e manteve-se estável nos últimos seis meses: 25% abrem o app todos os dias. A título de comparação, no WhatsApp 89% dos usuários abrem o app todo dia.

Canais

O Telegram possui um recurso que inexiste nos demais apps de mensageria monitorados pela pesquisa: os canais. São grupos temáticos, com capacidade ilimitada de participantes, e cujo conteúdo é controlado por um ou mais administradores. Políticos têm usado essa ferramenta para transmitir informações a seus seguidores. O canal do presidente da República, Jair Bolsonaro, no Telegram é um dos maiores no mundo, com mais de 1 milhão de participantes, por exemplo.

Aparentemente, são os canais de conteúdo que estão atraindo novos usuários para o Telegram, mais do que a comunicação um para um. 67% das pessoas que têm esse mensageiro instalado estão inscritos em algum canal. Esse percentual é maior que o verificado no uso de vários outros recursos de comunicação do Telegram, como troca de imagens (42%), troca de mensagens de áudio (41%), troca de vídeos (34%) e chamadas de voz (20%). 

15% dos usuários do Telegram declaram fazer parte de grupos de discussão cujo foco principal é falar sobre política. A prática é mais comum entre homens (18%) que entre mulheres (13%), e entre pessoas das classes C, D e E (16%), que entre aquelas das classes A e B (12%). Nota-se que a pergunta foi especificamente sobre grupos, não sobre canais, que são ferramentas diferentes no Telegram.

Os usuários do Telegram não estão muito interessados em conversar com marcas pelo app. Em seis meses, caiu de 55% para 50% a proporção que se comunica com empresas pelo mensageiro.

A pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel entrevistou 2.107 brasileiros que acessam a Internet e possuem smartphone. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais e o grau de confiança é de 95%. O relatório está disponível para download gratuito em português e inglês aqui.

Análise

O acompanhamento do Telegram desperta o interesse de autoridades brasileiras, especialmente no poder judiciário, em razão do receio de que nas eleições de 2022 o app sirva de canal para a difusão de fake news e disparos em massa de propaganda eleitoral. A ausência de um representante legal da empresa no Brasil e o seu silêncio diante das tentativas de contato feitas pela Justiça brasileira faz com que seja levantada até mesmo a possibilidade de suspensão do serviço no País.

Capa da nova pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel, de fevereiro de 2022