Depois da Oi, outras operadoras brasileiras estão se preparando para implementar a tecnologia de mensageria móvel RCS. Porém ainda não está definido como vai funcionar o modelo de negócios entre teles, integradores homologados (que hoje operam como canais de revenda do SMS corporativo, para a comunicação entre empresas e consumidores), marcas e fornecedores de plataformas de RCS.

Hoje, o mercado de SMS A2P (Application to peer) cobra por mensagem. Geralmente são notificações enviadas por empresas para seus clientes. O preço é tabelado, definido livremente por cada operadora, com desconto de acordo com o volume. Cada mensagem A2P custa alguns poucos centavos de Real. Já na comunicação P2P (peer to peer), ou seja, entre usuários finais, geralmente as operadoras oferecem envio ilimitado de SMS, especialmente quando o destinatário for da mesma tele, o que acaba estimulando o surgimento de disparadores de SMS não homologados, que usam chipeiras com SIMcards comuns.

Com o RCS, a expectativa é de que surjam novos casos de uso. As notificações serão “enriquecidas”, agora podendo conter o logo das empresas e outras imagens, assim como vídeos e áudios. É esperado também que, além de meras notificações, comecem a acontecer interações em forma de conversas, que poderão ser entre consumidores e atendentes humanos ou mesmo robôs de conversação, os chamados chatbots.

Inicialmente, para simplificar, é provável que o mercado continue operando com a cobrança por mensagem, mas com um preço mais baixo que o atual do SMS A2P, de forma a possibilitar o surgimento de conversas. Mais tarde isso poderá ser alterado, depois que empresas e consumidores já estiverem acostumados com o novo canal. “Para decolar, por conta do trabalho de aculturação, melhor ser mais simples a precificação. Futuramente, haverá discussões para fazer cobrança por sessão de conversa ou por cliente”, prevê Rafael Pellon, consultor jurídico do MEF e sócio do escritório FAS Advogados.

O diretor de serviços digitais e inovação da Vivo, Rodrigo Gruner, acredita que a venda de disparo por SMS e por RCS vão coexistir: “Acreditamos que o SMS como modelo de negócios, ou seja, a venda de disparo de mensagens, não vai desaparecer, pois existe demanda para esse tipo de serviço. Mesmo com RCS vai continuar havendo demanda para disparo de mensagens, mas surgirão novos modelos de negócios que serão complementares ao SMS que existe hoje.”

LA

Não se sabe ainda como vai funcionar no RCS os chamados large accounts (LAs), números únicos nacionais, que valem para todas as operadoras e hoje são distribuídos entre os integradores de SMS. Atualmente, no SMS, alguns LAs são compartilhados entre várias empresas para o envio de notificações. “Hoje tem muitos LAs compartilhados. Ainda não está definido como isso vai funcionar no RCS”, comenta Pellon.

SMS pirata

Por outro lado, a chegada do RCS provocará um baque sobre os provedores não homologados de SMS. Acredita-se que eles ficarão restritos a texto, enquanto somente os homologados conseguirão realizar disparos em massa com conteúdo multimídia e através de contas verificadas de empresas.