As operadoras de telefonia estão em um momento de preparo para o 5G, comenta Eduardo Carvalho, presidente da Equinix no Brasil. Em conversa recente com Mobile Time, o executivo explicou que muitos dos seus clientes de telecomunicações “estão conversando” sobre como será a interconexão de dados e o uso de datacenters na quinta geração da Internet móvel. O momento ainda é de aparelhamento da base, descreve.

“Muitas das operadoras estão próximas de estarem prontas para o 5G. Mas é um momento de dar um passo atrás. Estão investindo na base (fibra, ERBs e antenas, por exemplo). Ainda assim, seguem conversando sobre o 5G”, disse.

Sobre o negócio da Equinix com as operadoras de telefonia, o presidente da companhia explica que “em geral vem expandindo bastante”. Entre os pedidos mais comuns por parte das empresas de telefonia estão a instalação de racks e datacenters. Em sua visão, o movimento acontece devido ao aumento de tráfego nas redes das operadoras.

Vale lembrar, o estudo Global Interconnection Index (GXI) estima que a interconexão de dados chegará a 1,4 mil Tbps até o final de 2022 na América Latina, sendo que 77% deste tráfego será concentrado em São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Cidade do México.

Brasil

Com a companhia crescendo há 68 trimestres seguidos e alcançando US$ 5,5 bilhões de receita em sua operação global no ano de 2019, Carvalho disse que o último ano foi um dos melhores da companhia no Brasil. A atração de novos clientes influenciou para o desenvolvimento operacional do negócio, que teve uma série de novos investimentos.

“Apesar de todas as turbulências que passamos, nós nunca tivemos um soluço no crescimento. O momento requer mais cuidado com as pessoas, mas nós temos um papel fundamental neste momento da economia digital do País”, avalia. “Nós abrigamos os grandes players de conectividade e videoconferência. Enxergamos um crescimento exponencial em tráfego, interconexão e processamento dados”.

Investimentos

Do capital aportado no Brasil, o executivo destaca US$ 59 milhões para expansão do data center SP4 (Barueri), proporcionando 2,5 mil racks extras, com entrega prevista até o final de 2020; o datacenter SP3 (Santana de Parnaíba), que entra em sua terceira fase da expansão recentemente aprovada (investimento de US$ 25 milhões) com 1.050 racks adicionais; e a compra de um terreno na região de Barueri, onde será construído o SP5 com entrega da primeira fase da obra prevista para 2022.

Além disso, a empresa investiu US$ 175 milhões na compra de três datacenters da Axtel no México, algo que colaborará para a capilaridade dos serviços da Equinix na América Latina. Um dos serviços que a empresa mais aposta para a região é o ECX Fabric, uma solução que permite comprar produto de cloud nos EUA via interconexão.

“Algumas empresas tinham interconexão direta com NY e passaram a usar a nossa plataforma com redução de gastos de 60%. Você tem ganhos operacionais e financeiros. Hoje, nós conseguimos internacionalizar a empresa. Você consegue subir um roteador remotamente, por exemplo”, explicou. “Existe uma mudança bastante grande de comportamento das empresas brasileiras buscando se virtualizar e ir para a cloud. Nós estamos apoiando-as como conselheiros”.

Sobre aquisições no Brasil (como datacenters) e possíveis investimentos em software, Carvalho descartou as duas possibilidades. Em software, a empresa está bem servida com suas próprias soluções; e em aquisições, o executivo afirmou que o crescimento no Brasil é orgânico, como acontece atualmente com os SP3 e SP4.