Adrian Tsallis é co-fundador do Zipp, supermercado online no Rio de Janeiro

Em 2016, quando o carioca Adrian Tsallis começou a pensar no modelo de negócios da sua empresa, ele pediu para que 30 dos seus amigos mais próximos fizessem listas de supermercado e ele resolveria o resto. Com os itens em mãos, Tsallis precisou passar em três supermercados do Rio de Janeiro. A ideia era solucionar aquele problema sem precisar ligar para nenhum dos “clientes”. A experiência o ajudou a desenhar a solução para o Zipp (Android, iOS), um supermercado que só existe online e que cresceu exponencialmente nos últimos meses. Entre março e maio, em pleno auge do distanciamento social causado pelo novo coronavírus, o Zipp quintuplicou seu faturamento.

“Os nossos números foram acelerados. Hoje, estamos vivendo um cenário que nos nossos planos originais a gente estaria vivendo em julho de 2021. Aceleramos um ano”, explicou em conversa com Mobile Time Tsallis, cofundador e responsável pelo marketing e recursos humanos da empresa. De acordo com o executivo, o Zipp faturou em abril o que a empresa tinha projetado para faturar em fevereiro do ano seguinte.

O rápido crescimento chegou a desestabilizar a logística da empresa com uma extensão do prazo de entrega para até 10 dias – enquanto seus concorrentes lutavam para fazer o mesmo em 20 a 25 dias. Porém, atualmente, Zipp voltou à normalidade e costuma entregar em até dois dias.

Pouco marketing

No início de sua operação, em 2017 e 2018, Tsallis e seus sócios optaram por operar “abaixo do radar”, ou seja, sem fazer campanhas de marketing. A ideia era afinar a empresa que estavam construindo. “Nesse período tínhamos um crescimento de 8% mês a mês, totalmente orgânico. Apertamos o botão em 2019 com algumas ações, tipo cuponagem, member get member, nada muito complexo”, explica o executivo encarregado do marketing e recursos humanos. Nesse momento, o crescimento subiu para 15% mês a mês, “fazendo o básico do marketing digital.”

Os outros

Para Tsallis o fato de todas as opções da época serem físicas com versões para o online ou online com a necessidade da versão física do estabelecimento – como o James Delivery ou o Rappi – isso acabava gerando fricção na experiência do usuário. “Era sempre uma experiência mais ou menos para os consumidores e cara. Ou é o Zona Sul, que nasce supermercado e monta uma plataforma ou online, ou é um negócio online, como o Rappi, que passa a depender da loja física. Dessas duas maneiras há problemas e, nessa, enxergamos uma baita oportunidade”. O cofundador do Zipp montou seu negócio, então, focado em três pilares: conveniência, atendimento e economia.

“Lá atrás, a gente entendeu que tínhamos que ser focados e centrados no consumidor, que não dava para fugir das dores e que tinha que ser e-commerce puro. Não pode ser uma operação híbrida, como é o caso dos supermercados em geral porque, para eles, o e-commerce é mais um elo na sua cadeia e eles acabam não entregando a expediência completa”, explica o executivo. Com a operação totalmente online, é possível, por exemplo, ter uma conexão praticamente imediata entre plataforma e estoque, por exemplo, o que facilita no momento de preencher um carrinho, mas também atualizar a quantidade de produtos no aplicativo. “Enquanto os concorrentes levam 30 minutos para preencher um carrinho com 30 itens a gente leva três minutos. E isso, na pandemia, fez toda a diferença”, explicou.

Pela experiência de Tsallis, o consumidor espera algo além do que o e-commerce original oferece. Ele quer entrega com hora marcada, entregador solícito, não quer um mar de sacolas plásticas, quer que as compras cheguem de forma organizada. “Qualquer problema no pós-venda tem que ser resolvido sem atrito. O abastecimento doméstico é um nível de exigência que vai além. É tipo compra na Apple. E o entregador tem que ser príncipe William”, brinca o cofundador do Zipp. Não à toa que os entregadores são funcionários da empresa e são treinados. “Ele é a primeira experiência com um humano na nossa ferramenta. O entregador é uma peça-chave muito importante no nosso negócio”, resume.

Atualmente, a empresa soma 65 funcionários. São três sócios fundadores e quatro executivos, sendo a quarta, Fabiana Zamboni, ex-CEO da Zamboni e investidora do Zipp que acabou juntando-se ao time.

Expansão

Atualmente, o Zipp atende toda a zona sul carioca, zona norte (Tijuca e grande Méier), zona oeste (até Vargem Grande), além da região serrana (Petrópolis, Teresópolis, Araras, Videiras e Itaipava), operação que começou no início do ano. No próximo sábado, 25, a empresa fará testes de entrega em Angra dos Reis e em Búzios. A ideia é saber se há demanda. Caso positivo, Zipp passará a entregar sempre aos sábados nas duas regiões.

Até o final do ano, a empresa pretende triplicar seu tamanho. E, em 2021, começa o plano de expansão mais agressivo para outras cidades do País. A intenção é ir para três regiões metropolitanas diferentes a cada seis meses.