A infraestrutura 5G no Brasil vai demandar o uso de redes neutras e compartilhadas, prevê a analista de TMT do banco Santander, Maria Tereza Azevedo. Durante o segundo dia do TeletimeTec, evento organizado pelo Teletime nesta terça-feira, 25, a especialista disse que, neste cenário, os provedores regionais podem complementar as operações de fibra com 5G, além de prover infraestrutura de carriers para operadoras grandes em cidades menores. O movimento seria similar àquele que ocorreu com a fibra ótica, de começar das cidades pequenas para as capitais.

“Com o 5G será fundamental fazer isso (o compartilhamento). Tem a discussão do Standalone e do Non-Standalone, o que é positivo para os pequenos participantes, pois não terão custo de fazer upgrade do legado e o ROI de uma rede nova fica mais leve”, afirmou Azevedo. “Não há um cenário sem compartilhamento. Inclusive, muitos dos players regionais vão entrar em leilão em consórcio. O mesmo vale para a entrada dos players neutros. É positivo ver que há um diálogo pró-compartilhamento – RAN Sharing – e criação de redes neutras na Anatel”, completou.

A executiva explicou ainda que o fato de caminhar para o compartilhamento e uso de redes neutras é benéfico para o setor, com redução de Capex.

“Não haverá um aumento expressivo do Capex em 2022 e 2023, mesmo com 5G. Ou seja, as operadoras terão mais rede com menos budget”, completou. “Temos que esperar os detalhes do leilão, o documento final do TCU. Mas, de forma geral, as operadoras estão considerando o 5G dentro do plano de investimento, sem considerar um grande aumento do Capex”, concluiu.

Ainda assim, Luis Minoru,  diretor de estratégia e novos negócios da Highline Brasil, acredita que os investimentos exigidos para o 5G são bem altos, tanto para operadoras regionais como nacionais: “É um desafio para todos, inclusive para as grandes operadoras encararem lotes nacionais e suas obrigações. É muito importante ter o leilão não arrecadatório, mas o investimento considerável ainda é muito grande ante o retorno que visualizamos”, completou. Minoru está conversando com os grandes players do mercado de telecom e PPPs para criar um “modelo viável para as operações móveis” no 5G. Contudo, é preciso aguardar a definição das obrigações de frequências do leilão.