| Publicada no Teletime | Adotar o 5G nas redes móveis é fundamental para as operadoras, mas encontrar modelo de monetização segue sendo um desafio. De acordo com dados apresentados por, Rafael Garey, head estratégico de indústria, telecom e serviços da Globo, no Streaming Brasil 2021, evento promovido por Teletime e Tela Viva nesta terça-feira, 27, apenas 32% dos usuários estão dispostos a pagar pela melhora em seu serviço de banda larga móvel.

Para Renato Ciuchini, vice-presidente de estratégia e transformação da TIM, o Brasil tem uma demanda reprimida por dados no serviço móvel. O cliente do serviço pós-pago consome três ou quatro vezes o volume de dados de um cliente do serviço pré-pago e controle. “O 5G permite mais capacidade de tráfego a um custo menor. O cliente da base da pirâmide consumirá mais conteúdo do que hoje, se aproveitará mais do vídeo”, disse.

Ele lembra que o upgrade tecnológico implica investimento adicional das operadoras e concorda que o assinante não necessariamente tem condição de arcar com o aumento de custo. “Este é o dilema da indústria, como a gente monetiza no business tradicional? Temos que entrar com outros negócios”, diz. Para a TIM, a possibilidade de vender o serviço FWA (serviço fixo em redes móveis) 5G já é uma oportunidade interessante, mas busca ainda outros modelos de negócio, como a venda de pacotes de conteúdo de parceiros.

A operadora percebeu uma tendência de churn menor entre assinantes que contratam mais serviços. “O empilhamento de serviços ajuda muito na redução do churn, um dos grandes destruidores de valor da indústria de telecom. Nossa visão é sermos distribuidores de serviços digitais, incluindo conteúdo”, diz. Ciuchini não prevê uma guerra por direitos exclusivos, no entanto. O caminho é o inverso: “A minha função é dar acesso a qualquer tipo de conteúdo. Acesso universal é mais importante do que exclusividade em qualquer conteúdo específico”.

A estratégia de vender conteúdo aliado à banda larga móvel também está no line-up da Claro. “As operadoras não estão conseguindo crescer o ARPU. O jeito de subir o ticket médio é começar a juntar com os conteúdos”, diz Fábio Maeda, diretor de inovação e serviços digitais da Claro. Para o cliente, explica, a vantagem é ter um “one stop shopping”.

Uma tendência é a venda de pacotes com franquia de dados adicional para um serviço de conteúdo contratado. Outra é criar serviços para segmentos específicos, como para gamers, casando a banda com menos latência e conteúdo específico.

Maeda também aponta a tecnologia para chegar com a banda larga em localidades de difícil acesso para o serviço fixo. Como exemplo, cita a instalação da rede 5G na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. Em parceria do Instituto Claro com a Ericsson e a Central Única das Favelas (CUFA), a operadora levou a rede 5G para as organizações Mães da Favela, com acesso Wi-Fi para crianças e adolescentes utilizarem conteúdo educacional; e no Instituto Pró-Saber, também com fins educacionais, apoiando pesquisa de crianças, adolescentes e professores.

Perspectiva de uso

De acordo com o estudo apresentado pela Globo, o consumo de conteúdo por streaming é multitela – 72% usam mais de um tipo de dispositivo ou aparelho. O local de consumo, no entanto, ainda está mais restrito ao lar. Enquanto 29% consomem streaming dentro e fora de casa, 67% o faz apenas em casa.

As redes utilizadas também apontam para um green field no consumo de vídeo nas redes móveis. O percentual de consumidores de streaming que usa as redes móveis 3G e 4G para assistir vídeo é de 32%, não muito superior aos 20% que o fazem em redes Wi-Fi abertas ou de estabelecimentos, enquanto 84% usam a banda larga residencial.

Velocidade e qualidade de vídeo são os atributos mais valorizados entre os consumidores de streaming. Questionados sobre o que considera que melhoraria sua experiência com as plataformas de streaming, 47% apontaram a velocidade da banda larga residencial; seguido da qualidade de vídeo (37%); aplicativo pré-instalado na TV (36%); posse de TV mais moderna e retomar um vídeo de onde parou, ambas para 35%. Internet mais rápida no celular foi apontado por 29%.