A prometida revolução com a chegada da 5G também deverá mudar significativamente como encaramos o smartphone e sua conectividade. E com isso, haverá uma quebra no paradigma de estratégia para a indústria móvel. O presidente da Qualcomm, Cristiano Amon, entende que o momento já é de transição. “O sistema operacional fica menos relevante, fundindo-se às aplicações, à inteligência artificial e ao cloud”, declarou ele durante painel na MWC19 nesta semana. “Veremos uma transição grande, nos beneficiaremos do edge e cloud para ter mais poder computacional. Vai ser a primeira vez que a indústria móvel vai contribuir para toda a sociedade.”

Amon diz que a fornecedora negocia com teles para lançar aparelhos compatíveis com 5G neste ano, tendo assinado contrato com 20 operadoras em 16 mercados. Para ele, a chegada de uma nova geração de rede móvel é uma “oportunidade de separar ganhadores de perdedores”, uma vez que sempre há quem subestime o aumento da demanda. “Achamos que a 5G vai ser ainda mais cruel. Você não vai saber tudo, você sabe o potencial, mas tem que tomar riscos e ser rápido e flexível”, analisa o executivo da Qualcomm. Ele sustenta que, assim como existiram previsões erradas para 3G e 4G, é necessário aceitar que isso também pode acontecer agora com a quinta geração.

“Na minha perspectiva, vemos uma tendência muito interessante: há um pouco de falta de imaginação nas pessoas que estão olhando em longo prazo”, declara o CEO da fabricante de smartphones OnePlus, Pete Lau. “Permanecemos otimistas com 5G, mas em dez anos, vamos olhar para trás e ver que foi muito além da imaginação do que pensamos ser possível hoje.” Para o vice-presidente da linha de produtos de handsets da Huawei, Li Changzhu, isso serve como impulsionador para o desenvolvimento. “É uma forma de nos motivar como indústria. Não só com os dispositivos e chips, mas levando tudo isso à realidade, ajudando a sociedade a aumentar a eficiência”, pondera.

O CEO da operadora EE Limited (joint-venture entre a Deutsche Telekom e a France Télécom no Reino Unido), Marc Allera, destaca que a chegada da nova geração promoverá invariavelmente uma disruptura. “Vários perguntam qual vai ser o killer app, mas sempre vemos que é com a transição de tecnologia que isso chega, criando exemplos como Uber, Facebook, Instagram e Netflix”, declara. A tele prepara o lançamento da 5G no meio deste ano (verão no hemisfério norte), e a estratégia de Allera é comunicar aos consumidores do que se trata a mudança. “Sempre que lança uma nova tecnologia, nunca é do jeito que se planeja, os consumidores sempre encontram novas maneiras de usar. Você tem que ser flexível e aceitar que não vai ser perfeito. Precisa lançar um serviço bom o suficiente, mas flexível para ajustes. É a única forma de ganhar neste mercado.”