A 99 anunciou nesta quarta-feira, 29, uma investigação interna para averiguar tentativas de roubo de informações estratégicas e tentativas de acessos indevidos, em uma escalada que pode levar o mercado de delivery cada vez mais para uma disputa policial e judicial.
Entre as ações criminosas identificadas pela companhia estão:
- Furtos de notebooks corporativos;
- Perseguições a profissionais;
- Tentativa de invasão ao sistema e ao app da 99;
- Assédio de consultorias a colaboradores para obter dados.
No caso das consultorias, essas supostas empresas chegam a oferecer entre US$ 200 e US$ 1 mil para conseguirem as informações por meio de pesquisa de mercado.
De acordo com a companhia controlada pela DiDi, o relatório levantará testemunhos e boletim de ocorrência das vítimas, assim como evidências dos ataques eletrônicos. Os criminosos miram especificamente pessoas ligadas ao comando da 99 e 99Food para saber próximas datas e estratégia de lançamento comercial de delivery pelo Brasil. Porém, preferiu por não apontar possíveis mandantes.
Mas a peleja entre os rivais do delivery não para por aí.
Casos de polícia e de Justiça
No último dia 22 de outubro, o site da Veja chegou a noticiar a abertura de uma investigação comercial e diligência de busca e apreensão da Polícia Civil de SP contra a Keeta. O motivo seriam crimes de concorrência desleal, furto de segredos comerciais e cooptação de ex-funcionários do iFood, algo chamado de “espionagem corporativa” pelo CEO do principal serviço de delivery do país, Diego Barreto, em seu perfil no Linkedin ao citar a matéria. Na ocasião, a Keeta afirmou que não recebeu nenhuma notificação, execução de mandado, reiterou compromisso com as melhores práticas de mercado e que está aberta a colaborar com as autoridades locais.
Paralelamente, 99 e Keeta travam uma batalha na Justiça de São Paulo por uma cláusula de exclusividade que a 99Food colocou no contrato com os restaurantes em seu retorno ao mercado de delivery. A sua rival, que é controlada pela Meituan, teve um primeiro ganho de causa no último dia 21 de outubro, mas a companhia da DiDi afirmou que vai recorrer.
Histórico da disputa e do delivery no Brasil
Com mais de dez anos de mercado, o iFood é líder do mercado de delivery brasileiro com 81% de preferência, segundo o Panorama Mobile Time | Opinion Box sobre o comércio móvel de dezembro de 2024. Em conversa recente com esta publicação, o CEO da empresa afirmou não querer entrar em guerra por preços pelo segmento, mas observa movimentos regulatórios da Ásia e do Oriente Médio que barraram investidas de tentativa de dominância de mercado com preços baixos aos consumidores e taxas menores aos comerciantes por empresas financiadas direta ou indiretamente por governos (como as duas novas rivais).
Fontes próximas ao tema viram essa posição com estranheza pelos seguintes motivos:
- O iFood estar em posição dominante no mercado nacional;
- Ter lançado a solução iFood Hits com preços baixos (a partir de R$ 15) para disputar com os rivais;
- E pelo iFood ter se envolvido em disputa concorrencial contra outro player de delivery, o Rappi, algo que foi resolvido em 2023 com o Cade proibindo cláusula de exclusividade do líder de mercado com grandes restaurantes.
Já a 99 voltou oficialmente com sua entrega de comida em abril deste ano. Em junho, a companhia lançou sua primeira operação em Goiânia e obteve 1 milhão de entregas em 45 dias. Em agosto, a empresa anunciou o lançamento do delivery para a região metropolitana de São Paulo com 20 mil restaurantes e 50 mil entregadores.
Por sua vez, a Keeta anunciou a chegada de seu delivery no mercado brasileiro em maio deste ano. A sua operação de delivery terá um investimento de até R$ 6 bilhões em cinco anos para apoiar a sua expansão no segmento de restaurantes e bares. Oficialmente, a empresa da Meituan começa o seu serviço em regime piloto em duas cidades do litoral sul paulista na próxima quinta-feira, 30, Santos e São Vicente.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA
