O TikTok decidiu abrir seu algortimo para mostrar como são tomadas as decisões do seu algoritmo de moderação. A empresa criou o que chama de “Centro de Transparência e Responsabilidade para práticas de dados e moderação”. No espaço, os especialistas de dados e tecnologia podem analisar em tempo real as políticas de dados e moderação da empresa, além de mostrar como seus algoritmos funcionam. No blog oficial da empresa, seu CEO, Kevin Mayer, escreveu ainda que a indústria de tecnologia passa “com razão” por escrutínio para ter mais responsabilidade. No entanto, frisou que essa minúcia está sendo mais forte ao TikTok, devido à sua origem chinesa.

No texto, Mayer criticou abertamente o Facebook por suas ações pouco competitivas e pouco transparentes e, em contrapartida, confirmou que dará mais acesso e controle aos usuários em seu algoritmo, políticas de moderação e fluxo de dados: “Estamos dando o primeiro passo de muitos para resolver essas preocupações e exortamos a indústria a seguir nossa liderança em benefício dos usuários e criadores em todos os lugares”.

“Nós aceitamos esse fato e o desafio de trazer paz de espírito (à sociedade) com mais transparência e responsabilidade”, explicou. “Acreditamos que é essencial mostrar para os nossos usuários, anunciantes, criadores e reguladores, que somos membros da comunidades norte-americana responsáveis, comprometidos e que seguimos as leis locais”.

Concorrência e recados

No blog oficial do TikTok, Mayer falou que sua plataforma de entretenimento social é importante para trazer mais concorrência ao mercado publicitário norte-americano. Sem o app chinês, o executivo afirmou que os comerciantes e marcas ficariam “com poucas alternativas”. Dito isso, ele vê com “bons olhos” a competição com o Facebook, desde que seja “livre e aberta”. Na sequência, Mayer teceu críticas para as supostas cópias de funcionalidades que foram feitas pela empresa gerida por Mark Zuckerberg.

“Para aqueles que planejam lançar produtos competitivos, nós dizemos ‘manda ver’. O Facebook está lançando outra cópia (do TikTok), o Reels, depois de falhar rapidamente com o Lasso“, disse. “Mas vamos focar nossos esforços em uma competição aberta, com serviços para os usuários, do que fazer ataques malignos ao nosso competidor – nominalmente, Facebook – disfarçado de patriotismo para dar fim à nossa presença nos Estados Unidos”.

É importante dizer que o TikTok não foi a única concorrente que o Facebook teria copiado. Em 2016, o Snapchat teve a sua principal função reproduzida no Instagram, o serviço de mensagens instantâneas Stories. Na época, o então CEO e cofundador do Instagram, Kevin Systrom, disse ao TechCrunch que o Stories do Instagram foi inspirado no Snapchat e que o rival merecia o crédito.

Política

Além do ataque direto ao Facebook, o CEO ressaltou no artigo que o TikTok “não é político, não tem agenda política e não aceita publicidade de políticos”. Ou seja, foi uma outra crítica indireta à plataforma de Zuckerberg, que está encarando críticas e boicotes por falta de clareza em suas práticas de publicidade e fake news, às vésperas da eleição presidencial norte-americana de novembro.

Aqui, vale lembrar, o Facebook viu-se envolvido no escândalo da Cambridge Analytica, uma empresa britânica que colaborou para a primeira campanha presidencial de Donald Trump nos EUA, alimentando com dados de usuários coletados e usados de forma indevida. 87 milhões de pessoas foram afetadas pela ação.

Coincidência ou não, o agora candidato à reeleição Trump mira seus esforços para banir o uso TikTok nos Estados Unidos. Algo que foi lembrado por Mayer no texto: “O TikTok se tornou o alvo mais recente, mas não somos o inimigo. O maior passo é usar esse momento para promover conversas mais profundas sobre algoritmos, transparência e moderação de conteúdo, além de desenvolver regras mais rígidas”.