Esperei algumas semanas para deixar a operação da Keeta (Android, iOS) rodar e se arrumar no início para dar a minha visão sobre ela em São Paulo. Funcionando oficialmente desde 1º de dezembro, tentei usar logo no começo, mas senti que ainda não estava 100%.
Tentei novamente no dia 4 de dezembro quando fiz o meu primeiro pedido e logo percebi os primeiros choques.
Primeiros passos da Keeta
O app não deixa claro quais descontos o consumidor tem. É preciso ir até o fim da operação e aplicar o cupom para ter o valor final. O aplicativo poderia mostrar uma prévia da compra com o desconto a ser aplicado antes. Mas o lado bom é que uma vez que o carrinho está com uma simulação, o cliente pode fazer buscas em outras lojas para comparar.
Além disso, o onboarding no primeiro pedido é complicado. É preciso sair, voltar, colocar código de confirmação único (que demorou um pouco para chegar), integrar com a carteira – no meu caso foi da Apple. Sim, entendo que segurança é importante, mas poderia ter menos barreiras.
Também teve um erro bizarro que no primeiro pedido dobrou o preenchimento do endereço, mas isto não impediu a entrega.
Quando o pedido é fechado, o código de confirmação a ser passado para o entregador é randômico, o que é muito bom. Mas também tem a opção de alterá-lo ao entrar em ‘conta’ e ‘código de entrega’ e quatro dígitos de sua própria escolha.
Mas o que complicou foram alguns pequenos detalhes.
Experiência
Fiz o pedido e veio rápido. Mas faltou item. Quando avisei pela plataforma, pedi o reembolso de apenas daquele item. A loja não aceitou, informou que enviaria o item e pediu meu endereço. Relatei. Estou esperando até hoje, onze dias depois, apesar de avisar pelo app que o problema não foi solucionado.
Já fiz outros pedidos que não deram o erro. Mas o primeiro, já desencanei de consertarem.
Também falta uma opção para deixar pré-avisado ao entregador para avisar à portaria ou interfonar quando o pedido chega. Várias vezes, o motoboy esquece de avisar sobre sua chegada, daí ele fica com cara de maus amigos, eu fico com cara de mal-encarado e todo mundo fica com o dia estragado por uma falta de comunicação da plataforma.
E muitas vezes o mapa não mostra o trajeto do motoboy saindo da loja, mas confirma que ele está em rota de entrega.
Apesar de possuir 27 mil restaurantes, sinto que faltam mais opções de compras, se comparado a outras plataformas que atuam na zona sul de São Paulo. E o preço, se tirar todos os descontos subsidiados, não há muita variação entre os players.
Disputa no delivery
Com a chegada da Keeta no principal centro econômico do país, em uma disputa direta com 99Food, iFood e Rappi, fico com a questão: passada a época dos lançamentos subsidiados de plataformas e serviços de delivery, como os apps e os restaurantes vão oferecer produtos com preço do balcão ou até mais baratos que o salão de um restaurante? Vão ampliar esses subsídios por mais tempo? Colocar mais restaurantes para trazer mais concorrência? Teremos que comparar os diferenciais entre uma plataforma e outra, um produto e outro, um comércio e outro, como acontece com o varejo?
Ou todo esse movimento é um grande ‘pega otário’ com voucher, produtos baratos e taxas zeradas para depois de um tempo jogarem a clássica carta da ‘comodidade de pedir em casa’ em troca do alto preço para o consumidor, altas taxas aos restaurantes e entregadores exaustos com jornadas longas para obterem um mínimo digno?
Espero que não fiquem apenas em uma paixão de verão com descontos e subsídios e que realmente tragam benefícios ao ecossistema de ponta a ponta. Mas vamos esperar os próximos capítulos.
Imagem principal: Capacete inteligente da Keeta (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
