Em 2026, os preços dos smartphones 5G deverão ficar próximos daqueles com 4G. Em conversa recente com Mobile Time, o presidente da Qualcomm para América Latina, Luiz Tonisi, conta que o volume de vendas de dispositivos LTE já está em queda no país, mas deve ficar mais acentuada no próximo ano.
Em sua visão, o preço do handset 5G deve atrair mais consumidores para a compra do device na comparação com o 4G. “Com isso, poderemos ver mais dispositivos de entrada [abaixo de R$ 1 mil] com 5G a partir do próximo ano”, estima o profissional.
Importante recordar que foi lançado o Samsung A06 com 5G em abril deste ano. O celular chegou ao varejo nacional custando R$ 900 – atualmente já consegue ser encontrado na faixa dos R$ 700.
Contudo, o executivo reconhece que ainda haverá venda de dispositivos LTE e até dos feature phones, mas o que deve desaparecer do mercado é o 3G que está em processo de refarming em muitas localidades pelo mundo e no Brasil já não conta mais com certificação de aparelhos Anatel desde outubro de 2024.
O movimento de maior adesão ao 5G acontece pelo avanço dos pequenos provedores (PPPs) que entraram na era da rede celular móvel, a partir da aquisição de frequências no leilão de 2020. Em comparação com as grandes, as PPPs não têm legado de redes anteriores e constroem suas arquiteturas baseadas na quinta geração, ou seja, um greenfield que precisa de clientes para colher frutos.
Porém, um desafio para os preços será o problema da falta de memórias RAM para celulares.
Memória RAM
O presidente da Qualcomm na América Latina prevê que os próximos dois anos trarão desafios globais à dinâmica de desenvolvimento de dispositivos com a falta de memória RAM. Em conversa recente com Mobile Time, o executivo explica que a celeuma não envolve apenas handsets, mas também PCs e até carros.
“Nós temos um problema como indústria. O valor da memória está subindo muito mais do que a indústria é capaz de pagar. Por trás disso está a onda da inteligência artificial. A quantidade de memória que está sendo comprada é gigante”, explica, lembrando que é uma questão de oferta e demanda.
Para resolver isso, a Qualcomm quer qualificar mais fornecedores e trabalhar com outras opções de memória: “Não existe apenas a memória RAM de 128 e 256 GB. Tem diferentes sabores, como os padrões LPDDR4 (mais antiga) e LPDDR5 (mais recente)”.
“É preciso otimizar a engenharia para usar algumas coisas que não afetem tanto o custo final dos equipamentos”, completou.
Entenda a crise
O maior gargalo do setor de semicondutores hoje acontece pela priorização das fabricantes de memórias (TSMC e Samsung) em desenvolver memórias de High Bandwitdth (HBM), mais caras, em detrimento de memórias mais simples.
Em uso pelos hyperscalers no treinamento e inferência de IA, as HBMs são necessárias para os processadores voltados à inteligência artificial para que funcionem com eficiência a partir de memória de alta largura de banda. Elas são responsáveis por fazer a transmissão em velocidade de terabit entre memória e processamento.
Com este movimento, as fabricantes de memórias estão vendo alta na demanda e avançam em suas receitas para recuperar prejuízos de anos anteriores. É o caso da Samsung, que teve crescimento de 20% no terceiro trimestre de 2025, com 26,7 trilhões de wons (US$ 19 bilhões), ante 22 trilhões de wons de um ano antes (US$ 15 bilhões).
Em uma comparação simples, a crise atual seria como uma padaria industrial recebendo demanda para fazer bolos de festa de casamento e, como efeito, a fabricação de pães artesanais perde a farinha e o espaço no forno. Com isso, o pão fica mais caro e mais escasso, ao mesmo tempo que os casamentos trazem mais faturamento para a padaria.
