| Publicada originalmente no Teletime | A Cisco não atua com hardware de redes móveis, mas o posicionamento da empresa em relação à destinação da faixa de 6 GHz é de não “tomar lado” para o uso totalmente não licenciado ou com parte para a rede móvel. A visão da empresa é que isso vai depender de aplicações e da região, o que deverá se refletir na próxima Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC-23), que acontecerá no segundo semestre nos Emirados Árabes Unidos. Mas há na companhia um time que trabalha no desenvolvimento de soluções Wi-Fi 6E, incluindo na adoção da coordenação automatizada (AFC) para uso outdoor, e as expectativas são altas.

“Estamos trabalhando próximos aos órgãos regulatórios no Brasil. De fato, enviamos unidades para serem testadas lá”, afirmou ao Teletime o vice-presidente de produtos Cisco Wireless (Catalyst + Meraki), Phal Nanda. Ele explica que a empresa tem executado testes em outros países e seus respectivos reguladores, além de parceria com operadoras. “Estamos avaliando quais as aplicações funcionam melhor, se há interferências”, diz, exaltando “tremendas oportunidades” para todas as verticais com o uso do Wi-Fi 6E externo.

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Vice-presidente de produtos Cisco Wireless (Catalyst + Meraki), Phal Nanda. Foto: Bruno do Amaral

Segundo Nanda, há alguns desafios a serem superados: menos do lado técnico e regulatório, mais de maturidade. “Estamos apenas esperando os cronogramas de vários países para aceitar [o uso da faixa de 6 GHz outdoor] e continuar.”

Ele diz que a fornecedora tem avaliado diferentes tecnologias de coordenação, com “múltiplas estratégias”, mas que há uma preferência. “Sim, temos parceiros. Estamos trabalhando com um fornecedor, mas não tornamos isso público ainda”, coloca o executivo. A Cisco é uma das fornecedoras, junto com a Broadcom, para os testes promovidos pela Abrint e a Dynamic Spectrum Alliance no Brasil, conforme Teletime noticiou em fevereiro. O executivo também lembra que a Anatel demonstrou entusiasmo com as aplicações da faixa de 6 GHz durante a Mobile World Congress.

Na visão de Phal Nanda, mesmo em aplicações de redes privadas, não há ainda uma grande adoção do uso da faixa de 6 GHz, tanto para Wi-Fi 6E quanto para o futuro Wi-Fi 7, apenas por uma questão de crescimento de ecossistema. Nanda cita novos dispositivos, como da Apple e Samsung, que já são compatíveis com a tecnologia, além de aplicações com alta demanda de capacidade, como realidade aumentada (a Cisco já anunciou que desenvolverá soluções para o óculos Apple Vision Pro, apresentado nesta semana pela fabricante de Cupertino).

* O jornalista viajou a Las Vegas a convite da Cisco.