A maturidade do mercado brasileiro de chatbots foi debatida durante o primeiro dia do Super Bots Experience 2020, evento virtual promovido por Mobile Time. Com palestrantes das empresas desenvolvedores de robôs de conversação Take, Wavy Global, Nama, Infobip e Altitude Software, o debate acabou passando por dois pontos: em se tratando de tecnologia, está bem desenvolvido, porém, quando se fala do mercado em si, ainda há muitos passos a serem percorridos.

Para Márcia Asano, COO e DPO da Wavy Global, só é possível chegar na maturidade “quando o mercado já consome o serviço na máxima potência que ele pode servir.” A executiva lembrou de um case no segmento de educação em que uma empresa colocou todo o serviço voltado para o ensino fundamental e preparatório de Enem, com vídeos e aulas e testes, em um bot de modo que a empresa pudesse analisar como os alunos estavam consumindo aqueles conteúdos.

“Nesse caso, houve um aumento de consumo em 5.000% de antes da pandemia para agora. Mas não vejo aplicações desse nível no Brasil’. Asano explica que as empresas desenvolvedoras servem de influenciadores para a adoção da tecnologia. “As companhias demandam apenas um bot URA para direcionar para cá ou para lá. Por isso acho que a maturidade é muito pequena se comparada com a China. Estamos há anos luz do que eles estão fazendo e servindo a partir desse canal. Por aqui, temos que educar o mercado e por meio de cases mostrar o potencial dessa tecnologia e das possibilidades do mercado”, resumiu A DPO e COO da Wavy Global.

Para Caio Borges, head of sales da Infobip, concorda com Asano quando o assunto é “evangelização” dos clientes. Para o executivo, “maduro” é uma palavra muito forte para se dirigir ao mercado nacional. Segundo Borges, “a empresa triplicou o número de bots de 2018 para 2019, houve o fator WhatsApp (que impulsionou o uso de bots), e a pandemia obrigou as empresas a correrem atrás e suprirem o atendimento humano físico para outros canais. Mas estamos mais numa função de catequização do mercado, mostrando como funciona. As empresas querem saber mais como constrói, com funciona, ainda. Precisamos mostrar que o bot não é uma FAQ”.

O aumento do número de empresas no segmento é um indício de maturidade do mercado. Pelo menos para Rodrigo Scotti, CEO, Nama. “Temos um ambiente diferente. Quando fazemos uma comparação (com o passado), vemos muitas empresas que são plataformas hoje em dia e, tem a comunidade Bots Brasil, que vem fomentando o meio. Sim, a gente cresceu e amadureceu”. Scotti disse no evento promovido por Mobile Time, que o segmento no País vai continuar crescendo porque as tecnologias continuam evoluindo, como o Processamento de Linguagem Natural (NLP, na sigla em inglês).

Para Vanessa Tiba, country manager da Altitude Software, o mercado de bots ainda pode ser bastante explorado, mas com relação ao desenvolvimento de tecnologias, a executiva enxerga a maturidade. “De dois anos para cá houve um crescimento de magnitude imensa. Mas é um mercado que ainda pode ser bastante explorado. O chatbot não é explorado em massa, mas está desenvolvido”, disse.

Roberto Oliveira, CEO, Take, não compra a ideia de maturidade. Para ele, que pensa em larga escala (como Márcia Asano, da Wavy Global), acredita que o País está apenas no início. “O Brasil lidera em nível global, se você tirar a China, que é um caso à parte. Mas o País está se destacando e tem o fator WhatsApp”, disse. “Nossa visão é que existe e vão existir soluções e APIs que vão ajudar as pequenas e as grandes empresas. E isso está só começando, concluiu”.