Se na indústria o desafio de prover 5G e soluções da tecnologia é grande, no campo é preciso ainda oferecer o básico, ou seja, energia elétrica e iluminação para, então, fornecer conectividade. Durante a live Impactos do 5G na transformação digital, promovida por Mobile Time nesta quarta-feira, 26, executivos de TIM, Embratel, Vivo Empresas e Engineering apresentaram alguns desafios para conectar o campo brasileiro no 5G.

De acordo com Michele Liguoro, diretor de vendas da Engineering, os problemas do campo começam pela ausência de iluminação. Primeiro, é preciso fazer com que chegue a luz e, em seguida, a energia para, daí, chegar a conectividade.

“O que enxergamos é uma junção de força e de tecnologia. Quando se fala em levar a energia elétrica, surge a pergunta: por que não usar a mesma forma que faz para levar a energia elétrica para o campo e depois viabilizar a iluminação com a conectividade? Por que não levar também o backbone? Já está se prospectando a cooperação entre empresas de energia e de telecom para viabilizar isso. Enxergamos o agro como um superacelerador da inovação do 5G”, resumiu Liguoro.

Paulo Gouvea, diretor corporate da TIM, apontou também uma dificuldade relacionada às frequências do 5G, que são mais altas que as do 4G e 3G e, por isso, têm um alcance menor. “No agronegócio temos um problema de conectividade. Para cobrir o campo com 3,5GHz, o número de rádios-base (ERBs) será muito maior”, comentou o diretor . Ele lembrou que, atualmente, a empresa usa a frequência de 700 MHz para conectar o campo com LTE e que já cobriu, a partir da associação ConectarAgro, 6 milhões de hectares da agricultura.

 

Vivo

Para Debora Bortolasi, diretora de operações comerciais e produtos da Vivo Empresas, o desafio no campo está em: oferecer cobertura, como capilarizar e entregar o acesso à tecnologia para o agricultor. De acordo com a executiva, a Vivo Empresas não só entrega a conexão como também uma plataforma, que fornece inteligência de aplicações para uma série de análises, de modo a ajudar o agricultor na leitura e na atuação para desenvolver processos mais eficientes e mais produtivos.

“No campo, vemos o quanto a infraestrutura física de fibra é tão fundamental. E também aplicações com LPWA (Low Power Wide Area, em inglês). No agro, nem sempre o tema é capacidade de banda, mas, sim, buscar a informação e tomar uma decisão. O grande desafio do setor de agricultura é acelerar a adoção de tecnologia”, explicou a executiva da Vivo Empresas.

Aplicações

O 5G no campo poderá prover uma série de aplicações que demandam baixa latência e alta, os pilares do 5G. Gouvea acredita que o uso de imagens de altíssima resolução para detecção de falhas de adubação, por exemplo, pode ser um recurso para se utilizar com a tecnologia de quinta geração. “Esse tipo de aplicação demanda banda. E todos os casos de uso que demandam latência, banda, tendem a ter melhor aplicação no 5G”, resume.

Evolução no campo

Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, adota um conceito cuja base da competição se desloca de “produtos individuais” para “sistemas de produtos” e, por sua vez, para “sistemas de sistemas”. O executivo deu o seguinte exemplo: “O trator é um produto e ele passa a ser um produto inteligente, com comandos internos que passam informação. No próximo passo, ele passa a ser um produto inteligente e conectado. Não só o motorista tem as informações, mas existe troca de informações entre motorista e o centro de informações. E isso vai e volta. Outros veículos e produtos usados no campo – como semeadora, colheitadeira e uma plantadora também podem passar por esse processo e se transformam em produtos inteligentes. Isso compõe um ‘sistema de produtos’. Ele se encaixa em um sistema de sistema, que é um sistema de gestão agrícola”. E acrescentou: “Além de todos os equipamentos, é possível ter conectados o sistema de irrigação, o sistema de dados climáticos, e o sistema de otimização e semeadura. Todas essas informações passam pelo sistema de gestão agrícola, que informa se precisa de mais fertilizante, sementes ou se está na hora de colher”.

Próxima live

A próxima live do Mobile Time discutirá o open banking e os desafios para uma implementação segura e eficiente. O debate discutirá como instituições financeiras estão se estruturando para atender as obrigações do open banking e desfrutar das suas oportunidades de negócios sem perder de vista a proteção de dados e a integridade das transações. Participarão Diego Oliveira, engenheiro de arquitetura e sistemas da Fortinet, João Paulo Aragão, estrategista-executivo de tecnologia para a indústria de serviços financeiros da Microsoft, e Karen Machado, gerente-executiva de open banking do Banco do Brasil.