São poucas as empresas brasileiras autorizadas a acessar diretamente a API do WhatsApp e a comercializar soluções com esse canal no mercado corporativo. O smarters é o mais novo membro desse seleto grupo, do qual fazem parte também Take, Wavy e Superare, por exemplo.

A proximidade do smarters com o Facebook nos últimos anos contou a favor para que a empresa conseguisse a homologação no WhatsApp, comenta um de seus cofundadores, Samir Ramos. Nos últimos três anos, a companhia paulista vem desenvolvendo chatbots para o Facebook Messenger, com foco em soluções para os setores automotivo, financeiro, varejista e de mídia. Um dos seus diferenciais é a capacidade de integração dos bots com sistemas legados dos clientes. Com isso, alguns dos seus projetos no Messenger chamaram atenção internacionalmente, como um bot de geração e qualificação de leads para a GM. Também merecem destaque o bot de vendas da Shopfácil e um bot da Closeup que usou realidade aumentada para gerar fotos exibidas em mídia out of home durante a parada LGBT+ de São Paulo. Em três anos de atividade, a companhia produziu cerca de 100 bots no Messenger.

No WhatsApp, em vez de disparo puro e simples de mensagens, a estratégia do smarters consistirá na criação de produtos com interação conversacional para os setores em que tem presença forte. “Vamos desenvolver soluções com foco na experiência do cliente”, resume Pietro Bujaldon, outro cofundador do smarters. Os primeiros projetos no WhatsApp já estão sendo elaborados e a produção vai ser acelerada a partir de janeiro.

História

Samir Ramos e Pietro Bujaldon, dois dos cofundadores do smarters

Bujaldon, Ramos e o terceiro cofundador da empresa, Bruno Navarro, são amigos de infância. Antes de desenvolverem chatbots, ou agentes inteligentes, como preferem chamar, eles tiveram por dez anos uma empresa de soluções na web que criou um serviço para a construção online de formulários de pesquisas através do site www.suapesquisa.com.br.

“A pesquisa nada mais é do que uma conversa. Nós tivemos 10 anos de experiência com esse produto, o que nos trouxe uma habilidade diferente do restante dos fornecedores de bots. Muitos deles vieram do SMS. Nós viemos de um mundo diferente”, compara Bujaldon. “O maior superpoder de um bot é a sua habilidade de fazer perguntas”, completa.

Em 2010, os três sócios venderam sua participação na empresa de formulários online de pesquisas. Mais tarde, em 2013, se reuniram novamente para criar o smarters. A ideia original era desenvolver um serviço de recomendação personalizada de oportunidades para o público final (B2C) através de uma conversa com um agente inteligente. O primeiro passo consistia em o usuário se logar através do Facebook e permitir que o smarters analisasse seus dados na rede social, como as páginas curtidas, por exemplo. Depois disso, a plataforma passava a varrer a Internet em busca de oportunidades que pudessem interessar àquele usuário, como promoções de determinados produtos, eventos que ele pudesse gostar etc. Por fim, as recomendações eram feitas por um bot, por meio de uma conversa no navegador do computador ou do celular. O motor de processamento de linguagem natural usado pelo bot foi desenvolvido pela própria equipe do smarters, porque não havia opções disponíveis para português na época.

O que era para ser um produto para o usuário final acabou despertando o interesse de empresas como a Shopfácil. E quando o Facebook lançou sua API para bots, em abril de 2016, os fundadores do smarters entenderam de imediato que já tinham em suas mãos uma plataforma própria de criação de bots que poderia usar aquele canal.

Em 2016, a empresa era composta apenas pelos seus três fundadores. Hoje são 31 funcionários e o número deve chegar a 40 até o final do ano. A expectativa é de que a companhia cresça ainda mais em 2020 por conta da entrada no WhatsApp.