Os preços para o acesso às três APIs antifraude do projeto Open Gateway que serão lançadas em breve por Claro, TIM e Vivo no Brasil ainda não foram definidos. Mas as operadoras revelaram que estão avaliando a ideia de ter preços variáveis de acordo com o caso de uso, seguindo o conceito de “value-based pricing”. Ou seja, o preço varia de acordo com a sua percepção de valor, o que muda dependendo do caso de uso. Seria o mesmo caminho seguido pelo WhatsApp, cujo preço para envio de mensagem por empresas depende da aplicação, no seu caso: notificação, marketing ou bate-papo.

“Ainda não temos a tabela de preços. Estamos negociando. Mas devemos caminhar para um modelo de value based pricing. Porque se adotarmos um preço fixo pode ficar muito barato para alguma coisa ou muito caro para outra”, justificou Renato Ciuchini, vice-presidente de novos negócios e inovação da TIM Brasil. Ele participou nesta terça-feira, 28, de evento organizado pela GSMA em São Paulo para a divulgação do projeto do Open Gateway no Brasil. 

O modelo de negócios para as APIs antifraude será o mais flexível possível. Elas poderão ser vendidas em conjunto ou separadamente. E poderão ser contratadas diretamente com cada uma das operadoras ou através de integradores ou hyperscalers. Os primeiros parceiros do projeto no Brasil são a Infobip, como integrador técnico, e a Microsoft Azure, como hyperscaler. Em breve, NTT Data e Vonage também serão homologados para vender as APIs no Brasil.

As APIs e suas aplicações

Conforme adiantado por Mobile Time em setembro, Claro, TIM e Vivo lançarão até o final do ano três APIs antifraude que acessam informações de suas redes. São elas: verificação do número telefônico; troca de SIMcard; e localização do aparelho telefônico. 

“Há um interesse grande do mercado financeiro e de seguradoras (por essas APIs), ou de quaisquer clientes que tenham um processo de validação na sua jornada digital”, comentou Debora Bortolasi, diretora executiva B2B da Vivo. Por sinal, o Itaú é um dos primeiros bancos a confirmar a utilização desse recurso. Bortolasi prevê que a API de verificação de número será utilizada não apenas no processo de onboarding mas em vários outros momentos da jornada digital do consumidor, como quando fizer transações de alto valor que fujam do seu perfil.

O Open Gateway é um projeto liderado pela GSMA para o desenvolvimento de APIs de rede padronizadas por operadoras do mundo inteiro. O Brasil é um dos primeiros países a lançar APIs do Open Gateway por múltiplas operadoras em conjunto. De acordo com Henry Calvert, head de networks da GSMA, há conversas em andamento para fazer o mesmo em 15 mercados, mas as APIs preferidas variam de acordo com as demandas locais. No Sudeste Asiático, por exemplo, as operadoras estão trabalhando mais o acesso a APIs que melhoram a banda ou reduzem a latência, o que interessa especialmente para aplicações de streaming e gaming.

Abertura

O projeto está aberto para receber outras operadoras brasileiras, incluindo aquelas regionais e até MVNOs, e não é necessário que sejam associadas à GSMA. É sabido que a Algar é uma das que está se preparando para aderir. “Já conversamos com as maiores MVNOs do Brasil e todas demonstraram grande abertura para a iniciativa”, acrescentou Yuri Fiaschi, vice-presidente de projetos estratégicos da Infobip.

“Não somos concorrentes nesse produto. Somos complementares”, comentou Carlos Araujo, diretor de novos negócios da Claro. “É raro o que está acontecendo aqui hoje. Poucas vezes em meus 30 anos de carreira tive a oportunidade de compartilhar em um fórum um compromisso como esse”, completou Ciuchini, ressaltando o caráter colaborativo da iniciativa.

*O jornalista viajou para São Paulo a convite da GSMA