A TIM está preocupada que as incertezas sobre a modelagem do leilão de 5G possam comprometer os investimentos das empresas na evolução da banda larga móvel. Não que a operadora não seja uma entusiasta do leilão de 5G, mas Leonardo Capdeville, CTIO da empresa, lembra que esta será a primeira evolução tecnológica a conviver com a predecessora (4G) ainda em crescimento e demandando, portanto, investimentos. “Existem alguns custos que são inevitáveis, como obrigações de cobertura e regulatórias, pagamento de espectro e manutenção dos serviços existentes, então o único local em que o investimento pode ser modulado é na expansão do 5G, e não queremos que isso aconteça”, disse ele a Teletime, após painel na Futurecom 2019. Ele lembrou durante o painel que existe não só uma limitação de capacidade de investimento, mas também uma capacidade produtiva, especialmente de mão de obra capacitada.

Um dos fatores de incerteza é o edital de 5G que está sendo desenhado, diz ele. “A proposta do edital tem ideias interessantes e que podem ser aprimoradas. Acho que falta amarrar melhor algumas coisas, mas há pontos positivos”. Entre as inovações trazidas pelo edital estão a previsão de entrada de novos players no mercado, uma reserva de espectro para mercados verticais e o modelo de “beauty contest”, em que o vencedor é quem oferece o melhor projeto de cobertura e contrapartidas. “Esse modelo, por exemplo, seria ótimo, mas as operadoras atuais não têm essa opção ainda”, disse Capdeville a este noticiário.

O conselheiro Vicente Aquino, que também participou do painel, disse que está aberto a ouvir as críticas e aprimorar a sua proposta (ele foi relator do edital de 5G, que agora está sob vistas do conselheiro Emmanoel Campelo), mas ressaltou que ele se esforçou para trazer uma proposta de venda do espectro diferente do que normalmente se faz por considerar que o 5G terá um papel totalmente diferente para a evolução da conectividade. “O 5G é a Internet das coisas, não a Internet das pessoas, e por isso precisa de outra lógica. Não há como discutir 5G sem pensar no impacto direto na vida da população”. Vale lembrar que a proposta de Vicente Aquino é apenas para o edital que irá à consulta pública, e ainda não é o texto final que orientará a licitação das faixas de 700 MHz, 2,4 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz que serão licitadas em 2020.