Depois de mais de 36 horas sem se pronunciar, a desenvolvedora do aplicativo de votação que apresentou falhas nas prévias do PSDB, a Faurgs (Fundação de Apoio à Universidade do Rio Grande do Sul), rompeu o silêncio: o app pode ter sido vítima de hackers.

Em nota divulgada à imprensa na noite desta quarta-feira, 24, Hugo Müller Neto, diretor de projetos da Faurgs, afirmou que a apuração da desenvolvedora apontou como causa mais provável um congestionamento de acessos incompatível com o número de eleitores cadastrados. “A Faurgs considera muito plausível a ocorrência de um ataque de hackers ao aplicativo, a partir das 8h15 — uma vez que desde às 7h o sistema funcionou perfeitamente, com cerca de dois mil votos computados”, disse o texto.

A fundação afirmou ainda que produziu dez versões preliminares do sistema até chegar à final e todos os testes teriam “demonstrado resultados satisfatórios de operação, considerando normas internacionais de segurança e performance”, sem mencionar quais seriam estas normas. “A plataforma utilizada (Azure Microsoft) tem capacidade para muito mais acessos do que o tamanho do colégio eleitoral. A instabilidade, portanto, se deu por condições externas ao aplicativo”, explicou Müller.

Além da suspeita de ataque hacker, o texto não apontou quais seriam outras condições externas possíveis e também não ofereceu detalhes técnicos. Apenas mandou para a conta do PSDB a responsabilidade desta checagem. “A apuração das causas da anormalidade do sistema deve ser confirmada por iniciativa do cliente. Para isso, ela deve contar com empresas especializadas nesse tipo de auditoria e, principalmente, de forma independente da Faurgs”.

Resposta

O PSDB endossou a suspeita da Faurgs sobre um possível ataque hacker ao aplicativo contratado. Entretanto, devolveu a bola para a fundação e pediu uma definição melhor do ocorrido.

“Cresce o alerta de que o PSDB pode ter sido vítima de um ataque de hackers. Independente de providências a serem tomadas pelo partido, cabe especialmente à Fundação, como provedora da solução contratada (aplicativo, sistema de votação, infraestrutura e operação), realizar as devidas diligências para esclarecer o ocorrido”, afirmou a executiva nacional do partido.

TSE

Enquanto a fundação e o partido decidem para ver quem se responsabiliza pelo problema no app, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deu um ultimato na manhã desta quarta-feira. O ministro Benedito Gonçalves emitiu um mandado de segurança dando o prazo de até dez dias para que o PSDB explique as falhas no aplicativo. Caso não haja uma justificativa plausível, o tribunal pretende suspender as prévias – remarcadas para o próximo domingo, 28.