Depois de dois meses, a Autoridade Norueguesa de Proteção de Dados pediu a suspensão do uso de seu aplicativo de rastreamento de contatos, chamado de Smittestopp. O Instituto de Saúde Pública (FHI, na sigla em norueguês) do país, que desenvolveu e gerenciou até então o aplicativo, teve que interromper a coleta de informações no app e excluir os dados pessoais armazenados até o momento. A Autoridade alegou que o app representava uma invasão desproporcional à privacidade dos usuários e que, com os números mais baixos de casos de Covid-19, não era mais necessário usar o aplicativo.

Em meados de abril, a Noruega se tornou um dos primeiros países a introduzir um aplicativo de rastreamento de contatos, quando o Instituto Norueguês de Saúde Pública e a empresa de software Simula lançaram sua ferramenta em três municípios do país. Até então, embora todos os cidadãos noruegueses pudessem baixar o Smittestopp, ele funcionava efetivamente em apenas três municípios do país. Até então, ele foi baixado e usado ativamente por cerca de 14% dos maiores de 16 anos nas três zonas de teste.

O diretor executivo da FHI, Gun Peggy Knudsen, disse ao site ZDNet que o plano era validar a tecnologia nessas três regiões, comparando o rastreamento de contatos manual e digital, antes de abrir o aplicativo totalmente para o resto do país. Mas com as taxas de infecção na Noruega caindo a FHI não conseguiu finalizar o processo de validação.

Conheça o app

Smittestopp registrava quando dois telefones estavam próximos por mais de um período de tempo definido. Se um usuário era diagnosticado posteriormente com o novo coronavírus, um alerta era enviado para o outro.

No caso do Smittestopp, os usuários em risco eram solicitados a se autoisolar para evitar a disseminação da infecção.

A Noruega optou por uma abordagem centralizada para projetar o Smittestopp, na qual os dados do usuário são coletados via Bluetooth e localização GPS e realizam as correspondências de contato remotamente em um servidor. A maioria dos outros aplicativos de rastreamento de contatos depende apenas de sinais de Bluetooth.

As informações eram anonimizadas antes de irem para um banco de dados central gerenciado pela FHI. As autoridades de saúde pública norueguesas podiam, no entanto, gerenciar quais avisos eram enviados pelo aplicativo e para quem, além de executar análises relevantes para a pandemia, graças às informações que os usuários compartilhavam.

Os dados eram excluídos após 30 dias e, de acordo com a FHI, não eram disponibilizados a ninguém que não fosse pessoal autorizado.

Vale lembrar que outros países europeus que optaram por um modelo centralizado, como França e Reino Unido, mas que coletam apenas dados via Bluetooth.

Centralizado X Descentralizado

Os aplicativos de rastreamento de contatos de pessoas infectadas por Covid-19 podem ser divididos em dois grupos: aqueles com processamento centralizado em servidores na nuvem, e aqueles com processamento dentro dos próprios smartphones dos usuários. Os primeiros são chamados de “centralizados” e os segundos, de “descentralizados”. O modelo centralizado oferece maior controle para as autoridades de saúde, enquanto os descentralizados conferem mais segurança para a privacidade dos cidadãos. Os apps da França e da Inglaterra seguem o modelo centralizado, enquanto os da Letônia, Itália e Suíça são do tipo descentralizado. Apple e Google apoiam o modelo descentralizado.