David Marcus, head da Calibra, foi ao senado dos EUA responder perguntas dos políticos sobre a criptomoeda e a carteira digital do Facebook e de outras grandes empresas

Senadores norte-americanos da Comissão de Assuntos Bancários, Habitação e Urbanismo sabatinaram David Marcus, o head da carteira digital do Facebook, a Calibra, nesta terça-feira, 16. Os legisladores expressaram ceticismo a respeito da Libra, a criptomoeda que deverá ser lançada no ano que vem pelo Facebook em conjunto com uma série de outras grandes empresas. Em sua fala, Marcus explicou que a gigante de mídias sociais construirá a wallet dentro do Messenger e do WhatsApp e se recusará a incorporar carteiras concorrentes.

“O Facebook incendiou a casa várias vezes e chamou todos os incêndios criminosos de uma experiência de aprendizado”, disse o senador democrata de Ohio Sherrod Brown. Lançar uma criptomoeda, disse ele, é uma “má ideia” e o Facebook é “perigoso”. Brown não foi o único a expressar sua desconfiança e incredulidade a respeito da nova empreitada da mídia social. Os legisladores levantaram uma lista de escândalos do Facebook, incluindo como a rede social foi explorada para interferência eleitoral e como desempenhou um papel na promoção do discurso de ódio, que alimentou um genocídio em Mianmar.

Marcus defendeu os planos de criptomoeda do Facebook e prometeu não lançar Libra antes de discutir as preocupações regulatórias. Porém, fez um alerta: “Se os Estados Unidos não liderarem a inovação na área de moeda e pagamentos digitais, outros o farão”, disse Marcus à Comissão.

De acordo com o site Tech Crunch, algumas perguntas não foram respondidas pelo executivo. Entre elas a de Mike Crapo, senador republicano pelo estado de Idaho. O político perguntou se o Facebook coletaria dados sobre transações realizadas com o Calibra dentro do Facebook – como quando usuários compram produtos de empresas descobertas por meio da mídia social. Marcus esquivou-se e afirmou apenas que o Facebook permitiria que os usuários pagassem com cartões de crédito e outras mídias, além do Calibra. Isso significa que mesmo que o Facebook não saiba quanto de dinheiro há na carteira digital de alguém ou em suas outras transações, ele pode saber quanto pagou e se essa transação acontece em suas redes sociais.

Marcus está programado para depor perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na quarta-feira, 17.