Se os resultados financeiros da Meta no segundo trimestre de 2022 decepcionaram o mercado, por outro lado, a companhia apresentou dados positivos em mensageria e vídeos efêmeros que mostram um caminho de crescimento nas apostas de médio e longo prazo.

Durante a conferência com analistas na última quarta-feira, 27, Sheryl Sandberg, COO da companhia, afirmou que 1 bilhão de usuários trocam mensagens com estabelecimentos comerciais via WhatsApp, Messenger e Instagram por mês. E em vídeos, o Reels já prevê gerar US$ 1 bilhão em receita anual.

A executiva afirmou que os dois produtos são as grandes apostas da Meta no longo prazo, ao lado de inteligência artificial e do Metaverso.

Mensageria

Mark Zuckerberg, CEO e cofundador da Meta, afirmou que 40% dos anunciantes em suas plataformas já utilizam a opção de click-to-message, que permite ao usuário conversar diretamente com um comércio via um dos apps de mensageria do grupo. Sandberg complementou que o click-to-message “já é um negócio multibilionário” e que tem ajudado as companhias a crescer e gerar mais interação com os clientes, como geração de 2,3 vezes mais leads qualificados e uma redução de 57% por lead para os anunciantes. Com isso, a companhia tem atraído empresas pequenas e médias para anunciarem via suas plataformas.

“Esses apps (de mensageria) estão se provando muito populares em PMEs de países emergentes, como Brasil e México. Muitos dos novos anunciantes que chegam à Meta vêm direto dessas plataformas. Estamos facilitando para essas empresas criarem publicidade direto do aplicativo do WhatsApp Business App”, explicou a COO.

Embora o crescimento da mensageria seja visto como mais forte em PMEs e mercados emergentes, a executiva afirmou que a América do Norte e a Europa estão começando a alcançar esses países, assim como grandes empresas também começam a adotar a mensageria como veículo de publicidade.

“Mas também temos grandes marcas incorporando mais a mensageria em sua estratégia. Um exemplo recente é a Paramount Studios. Eles usaram a opção click-to-message para promover o filme ‘Top Gun – Maverick’ e aumentar as vendas de ingressos”, completou Sandberg.

O CFO da Meta, David Wehner, explicou que, em junho deste ano, a Meta contabilizou 3 bilhões de pessoas usando seus aplicativos diariamente (DAUs) e 3,6 bilhões usando mensalmente (MAUs).

Reels

Imagem retirada do Blog do Instagram

Novas funções do Reels permitem publicação de vídeos de até 15 minutos, lançada na semana passada (Reprodução: Instagram)

Lançado em agosto de 2020 no Instagram, o Reels ganhou sua primeira ferramenta de publicidade em junho do ano passado. Em fevereiro deste ano chegou para todos os usuários do Facebook.  Zuckerberg informou que a solução de vídeos efêmeros é a que “cresce mais rápido” na companhia e se apresenta como uma das alternativas  da companhia para o futuro próximo.

“Nós temos uma série de desafios no curto prazo (como a macroeconomia), mas no longo prazo vamos crescer. O Reels, por exemplo, ainda não monetiza nas mesmas taxas de Stories os do feed, mas cresce mais rápido que o esperado. Gerará US$ 1 bilhão de receita anual no Reels Ads, mais que o Stories em períodos similares pós-lançamento”, disse o CEO. “Além disso, o Reels transforma metade dos conteúdos criados em mensagens. Portanto, nós estamos no caminho certo”, completou.

Outro clima

Mesmo com um resultado ruim no trimestre, o ar tenso e a voz mais travada dos líderes da companhia nas conferências anteriores foram trocados por um clima mais ameno.  Parte pela última participação em calls de Sandberg como COO, pois a executiva assumirá uma cadeira no conselho da empresa.

Nota-se que Zuckerberg passou a ter um papel de porta-voz das tecnologias em desenvolvimento da Meta, como inteligência artificial, motor de busca (descoberta), vídeos efêmeros e o Metaverso. Durante a call, ele entrou pouco em temas polêmicos, como a redução de contratações na empresa.

Entre Sandberg fazendo comparações de boas jogadas baseball e a evolução da companhia e Zuckerberg palestrando sobre inteligência artificial e metaverso, o CFO, David Wehner, ficou com a missão de explicar aos analistas do mercado o cenário desafiador à frente.

Vale dizer que Wehner também entrou na dança das cadeiras do Facebook e assumirá a posição de CSO. Seu lugar será ocupado por aquela que era até então seu braço direito, Susan Lee.