O CDO do banco Itaú, Moisés Nascimento, clamou por uma regulação de inteligência artificial no setor bancário. Durante a Febraban Tech nesta quinta-feira, 29, o executivo defendeu uma legislação para entender como os dados e as modelagens de IA devem ser utilizados no segmento financeiro. Nascimento acredita que a sociedade deve “encontrar um caminho” para a inteligência artificial ter uma legislação, que ao mesmo tempo que seja boa para as pessoas e para os negócios.

O executivo enfatiza que isso deve acontecer de forma rápida, em especial pelo avanço que soluções como o ChatGPT podem trazer à sociedade.

Para Laila Kurati, head de data strategy & management do Santander, a IA ainda tem o desafio da “ética e do compartilhamento”, mas quando se fala do ecossistema financeiro as questões envolvem “o que fazer com dados sensíveis” para entender como usar as tecnologias como IA generativa: “O nosso trabalho é prover todas as informações do ponto de vista técnico. Hoje, as equipes (dos bancos) estão fazendo muita análise e estudo, avaliando os riscos, para ver se a ‘recompensa compensa”, completou.

Para Caio Rocha, diretor de produtos de autenticação e prevenção à fraude no Serasa Experian, o uso da inteligência artificial nas empresas não é uma questão de “se”, mas “como usar”; uma vez que o executivo vê a inteligência artificial como uma tecnologia “meio” e não como “fim”. Dando o exemplo da área de combate à fraude, Rocha afirmou que a “IA é primordial, mas não é bala de prata”. Em sua visão, a inteligência artificial funciona em um tripé, junto com análise de dados e tecnologia bancária, para avaliar os riscos de uma transação.

Outro lado

Gloria Kojima, Bradesco Seguros, superintendente-executiva de tecnologia na Bradesco Seguros; Andres Sutt, parlamentar da Estônia (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Por sua vez, Marco Stefanini, fundador e CEO global do Grupo Stefanini, a regulação de IA precisa de um equilíbrio entre regulação e “desregulação”, pois, em sua visão, empresas não reguladas avançam mais na tecnologia. O executivo comparou os avanços dos setores de mídia e varejo (não regulados) com banco, saúde e seguros (regulados). “No setor desregulado, o timing da inovação é menor. Quando você regula acaba inibindo a inovação. É preciso ter uma discussão séria sobre esse tema”, disse Stefanini. “E outro ponto: quando a sociedade começar a levantar as sugestões (de regulação), nós precisamos deixar ideologias à parte. Isso empobrece o debate”, completou.

Andres Sutt, parlamentar do governo estoniano, se surpreendeu com a movimentação das empresas pedindo regulação de temas como IA. Para o membro do Parlamento Riigikogu, que antes trabalhou na indústria privada, isto é uma mudança de paradigma. Afirmou que, no caso da Estônia, que é um governo digital há 25 anos, a ideia é fazer uma regulação de IA de maneira que a tecnologia possa ser usada.