Mastercard

Presidente da Mastercard no Brasil e Cone Sul, João Paro Neto

A Mastercard espera começar a operar em breve com o sistema de pagamento no WhatsApp no Brasil ao lado de seus parceiros iniciais, Banco do Brasil, Nubank, Sicredi, Cielo e Visa. O presidente da bandeira no Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto, informa que há uma fila grande de outros emissores de cartões querendo entrar no pagamento por WhatsApp, mas descarta que algum consiga concluir a integração a tempo do lançamento, cuja data deve acontecer em abril, como adiantado por Mobile Time. Explicou que é preciso uma adaptação prévia e que apenas os players já anunciados estão preparados hoje para o novo arranjo de pagamento. Por outro lado, duas outras fontes do setor financeiro informaram a este noticiário que pelo menos mais dois ou três bancos teriam acertado a participação no lançamento no País, incluindo um de grande porte. Mas os nomes não foram revelados.

Paro Neto conversou com exclusividade com esta publicação na tarde desta quarta-feira, 31. O executivo explicou como funcionará o pagamento P2P no WhatsApp, o papel da Facebook Pagamentos Brasil, por que começaram com pagamento de pessoa a pessoa (P2P) e não com comerciantes (P2M), além das expectativas para a próxima fase da carteira do WhatsApp, as compras.

Mobile Time – Como vocês receberam a aprovação do sistema de pagamentos do WhatsApp pelo Banco Central?

João Pedro Paro Neto – Foi muito importante para nós. Estávamos batalhando por isso há algum tempo. Tem algo próximo de dois meses que entregamos os últimos pedidos. E ficamos na ansiedade de liberar, pois o regulador avisou que não tinha mais nada para pedir dos participantes. Quando saiu, ficamos contentes, pois agora temos mais uma opção na mão do consumidor.

Como vai funcionar o pagamento por WhatsApp?

Nessa transação, quem vai começar é o usuário, não o comércio. Quando a pessoa quiser enviar dinheiro (fazer o P2P), vai clicar no ícone do dinheiro. Em seguida será autenticado e manda o valor. E acabou, está feito o pagamento. Essa experiência é importante, pois ela chega direto ao consumidor e tem os mecanismos de segurança mais robustos do mercado, como tokenização e autenticação. Então, o Facebook Pay (ou pagamento no WhatsApp como é chamado atualmente) é uma carteira digital com todas as credenciais da Mastercard. Quando aciono o botão, eu entro nesse ambiente digital que é totalmente seguro. É uma transferência de débito para débito, começa assim, mas vai evoluir. Surge como uma alternativa ao Pix.

Quais são os diferenciais para o consumidor?

A primeira vantagem é que o consumidor tem poder de escolha. Pode definir entre Pix, WhatsApp, cartão. A segunda é que atendemos uma demanda. O maior pedido dos consumidores, que vimos em nossas pesquisas, é o pagamento através da mídia digital. Era algo antigo. E a terceira coisa é que vamos transformar essa forma de pagamento em algo robusto. Não será apenas o P2P. Conta de luz, reembolso, benefício, tudo partindo do usuário. Agora são duas formas de P2P no Brasil.

Qual será o papel da empresa Facebook Pagamentos do Brasil? Será uma instituição de pagamentos? Será criada uma conta de pagamentos para usuários do WhatsApp?

Hoje ele (Facebook) é iniciador de pagamento. Ele não tem essa figura (de instituição de pagamentos). É uma carteira. O dinheiro do cartão de débito cadastrado lá dentro é transferido para outro cartão de crédito cadastrado lá dentro. É isso que o Facebook está autorizado a fazer hoje. Com o tempo, sim, acredito que eles queiram ter uma carteira digital. Mas neste primeiro momento isso não está disponível. Hoje, 100% das empresas querem ter uma carteira de pagamentos, pois entenderam que faz uma diferença enorme você ter esse tipo de contato com o cliente. Quanto mais próximo do consumidor, mais alavanco o negócio.

Qual o cronograma de implementação agora?

Estamos reunidos, todos os participantes iniciais dessa nova forma: BB, Nubank, Sicredi, Visa, Cielo e nós. Estamos olhando e entendendo o que foi liberado. Todos alinhando juntos para operar. Agora é uma burocracia nossa para lançar. Mas precisa conferir, pois foi criada uma figura, o iniciador de pagamento (Facebook Pagamentos). Era uma figura que não existia no arranjo inicial. Mas em pouco tempo estaremos prontos, dentro de suas agendas.

Será mais rápida que a implantação das carteiras de celular, como Apple Pay, Samsung Pay e Google Pay?

É diferente das carteiras de celular, pois esses players tinham características exclusivas que eles pediam. Com o Facebook, os requisitos são diferentes. As carteiras evoluíram muito do começo, quando tinham muitas novidades, tecnologias e uma série de dificuldades iniciais. Facebook já nasce em um ambiente open API. Coisas que naquela época eram embrionárias. Hoje é muito mais ágil. Acredito que daqui a pouco todo mundo estará embarcado. Outra diferença é que o Facebook tem uma base de mais de 150 milhões de pessoas no WhatsApp. Diferente das outras que tinham limitações de OS ou aparelho.

Além de Banco do Brasil, Nubank e Sicredi, quais outros bancos participarão do lançamento?

O que posso dizer é que a fila é grande. Todo mundo quer (entrar). O problema agora é capacidade. É uma nova forma de pagamento. Tem que fazer os registros corretos, se enquadrar no sistema. Tem que plugar no Facebook Pay – que é uma carteira –, conosco e com outro player. É rápido. Não é algo que vá demorar seis meses.

O serviço de pagamento do WhatsApp será aberto para outras redes de adquirência, além da Cielo?

No P2P não vão existir outros adquirentes, pois a Cielo entra como provedora de serviços. Ela não é adquirente aqui. O Facebook é uma carteira e a Cielo presta serviço ao Facebook Pay. No mundo Peer-to-Merchant (P2M), que é a próxima autorização, o Facebook já abriu e estão todos os adquirentes se cadastrando. Isso acontece, pois um dos pedidos quando o BC bloqueou da primeira vez foi dizer ‘quero competição, não quero apenas um adquirente nesse produto, eu quero isso aberto para todos poderem entrar’. Essa foi uma das adaptações no último ano. No P2M, o comércio vai definir. Por meio do WhatsApp de pessoa jurídica o comerciante poderá escolher qual adquirente prefere. Ou seja, multiadquirência igual ao físico, atendendo uma demanda do BC.

Por que o BC optou por liberar primeiro apenas transferências entre pessoas? Seria uma tentativa de forçar uma integração com o Pix antes de liberar para compras?

O P2P faz mais sentido. É o começo, uma nova forma de pagamento. P2M é um pagamento mais sofisticado que o P2P, que é um arranjo de pagamento novo. As características do P2M precisaram ser adaptadas, também é uma nova forma de pagar. Então precisaremos de um tempo para chegar lá. Ter o P2P antes nos permitirá aprender muito para quando chegar o P2M estarmos mais capacitados. Isso não significa tirar oportunidade. A responsabilidade de entregar um bom serviço ao consumidor é importante, é o caminho natural. Vamos evoluir da maneira adequada.

Quando espera que o BC autorize o WhatsApp para compras?

Estamos aguardando o BC. Agora que ele liberou a fase 1, daqui a pouco teremos claridade sobre a fase 2. Obviamente, eles (BC) falarão algo para nós. Hoje não temos nada (confirmado). Como não está pedindo nada para nós, ainda, acredito que é algo muito mais interno deles, para ter certeza que estão cobrindo todos os aspectos importantes para a regulação, antes de liberar essa forma de pagamento. É uma questão de tempo.

Tem uma ideia de quando será lançado o sistema de pagamento do WhatsApp?

Não tem data ainda.

(Mais cedo, esta publicação apurou que o lançamento está programado para abril deste ano)

Haverá testes de campo ou começará direto?

A parte zero dos testes já foi feita, ainda no ano passado. Os três bancos iniciantes – Sicredi, Nubank, BB – podem sair operando. Óbvio, cada um deles do seu jeito e em sua estratégia. E os outros que estão na fila, à medida que for liberando, eles poderão iniciar do jeito deles.